Livan Pereira (*)
Não é de hoje que a qualidade dos cursos de direito no Brasil é
colocada em xeque. Inúmeros são os culpados, e raras as soluções.
Busca-se culpar o governo, que não controla o número de faculdades
implementadas em território nacional. Alguns dizem que a culpa maior é
da OAB que usa a prova para controlar o mercado. Enfim, as desculpas são
as mais variadas possíveis.
Pois bem, é inegável que existem falhas em todos os níveis
educacionais, pois um advogado que escreve “agente vai” certamente teve
uma educação básica extremamente deficitária. Ao que tudo indica, o
vestibular da universidade que ele entrou não exigiu um conhecimento
pleno da língua portuguesa, uma vez que um candidato à carteira cor de
rosa que comete um erro grosseiro como esse não deveria sequer ser
aprovado no vestibular.
Mas foi aprovado, fez cinco anos de faculdade e ainda assim fala ponhá, querê e
outras atrocidades. Com isso podemos concluir duas verdades inegáveis: o
aluno é um baita de um preguiçoso que não lê nada, e os professores são
relapsos e não estão preocupados com nada além de receber o salário no
fim do mês.
Um estudante, independente do curso que tenha escolhido, tem por
obrigação ler vários e vários livros, revistas, jornais e até mesmo
revistas em quadrinhos, se for o caso. Não é pra ler só na hora que vai
ao banheiro. Estudantes têm que criar o hábito da leitura, têm que saber
ler, têm que saber interpretar um texto de algumas linhas. E é cediço
que quem lê aprende novas palavras, enriquece o vocabulário e fica rico
mais rápido. Tá, essa terceira é mentira, mas seria bom se fosse
verdade. Observação: a palavra cediço eu aprendi lendo petições antigas.
Passemos agora aos professores. Um professor que, ao corrigir uma
prova, deixa passar um “agente”, não no sentido de policial, ou um
“fazê” merece uma surra com vara de marmelo. Das duas uma, ou o elemento
também desconhece a língua portuguesa, e por esse motivo nem deveria
ser professor, ou então é um relapso que não sabe o real significado da
palavra professor.
Não é porque o cidadão está lá dando aula de direito tributário que ele
não pode corrigir um “mais no lugar de um mas” e assim por diante. O
ensino no país é deficiente, os alunos são em sua maioria preguiçosos e a
OAB pouco faz para que essa situação melhore. Esse conjunto de fatores
faz com que cada dia mais as universidades brasileiras despejem
profissionais mal preparados no mercado de trabalho, e, para a nossa
tristeza, isso reflete em toda a sociedade.
Como disse no começo do texto, muitos são os culpados e poucas são as
soluções, mas para não dizer que não tento ser um cara legal e que busco
o desenvolvimento da sociedade como um todo, vou dar aqui a minha
solução para que os estudantes tenham ao menos um conhecimento melhor da
língua portuguesa: é só criar um joguinho no Facebook e outro no
Twitter, já que a galera anda trocando os livros pelas redes sociais.
(*) Criador do blog Não Entendo Direito, Livan Pereira é advogado, pós
graduado em Direito Tributário pela PUC-Campinas (Pontifícia
Universidade Católica de Campinas) e pós graduando em Gestão de Tributos
e Planejamento Tributário pela FGV(Fundação Getúlio Vargas).
FONTE: Última Instância.
FONTE: Última Instância.
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